quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Giane




Em 10 de dezembro de 1938, nasceu Georgina Morozini dos Santos, na fazenda do avô materno, localizada em Bebedouro, município do interior paulista. Filha única do casal Florindo Morozini e Ana da Cunha Morozini, a garota que mais tarde decidiria adotar Giane como nome artístico, desde criança já mostrava sua inclinação para a arte.

Passou os primeiros anos da infância na cidade de Jaboticabal, interior de São Paulo. Foi lá que aos 8 anos de idade teve seu primeiro contato com a arte ao representar no teatro o papel de uma menina pobre. Na ocasião foi assistida pelo maestro e compositor Hekel Tavares e pelo jornalista e dramaturgo Joracy Camargo. Eles ficaram tão encantados com sua atuação que a convidaram para ir ao Rio de Janeiro se profissionalizar como atriz, mas como ainda era muito criança, seus pais não concordaram. 

Por volta dos 11 anos, mudou-se com a família para Ribeirão Preto. E quando completou 15 anos já atuava como crooner da Jaboticabal Orquestra.

Quando a emissora TV 3, retransmissora da TV Tupi de São Paulo, foi inaugurada em Ribeirão Preto, Giane ingressou no elenco da programação local, onde era garota propaganda e cantava nos intervalos comerciais. Lá conheceu Silas e Seu Conjunto e foi convidada para ser crooner do grupo. Com o conjunto, fez muitas apresentações em bailes e festas por Ribeirão Preto e adjacências. Nessa época grandes nomes do rádio se apresentaram naquela região, como Nelson Gonçalves e Ângela Maria. Giane recebia constantes incentivos desses artistas que por lá passavam para tentar uma carreira profissional em São Paulo.

Em visita ao Rio de Janeiro, acompanhando sua cunhada, foi apresentada ao locutor Jonas Garret, que também era de Jaboticabal, e na ocasião atuava na Rádio Nacional. Conhecer a Rádio Nacional do Rio de Janeiro foi descrito por Giane como um dos momentos mais emocionantes de sua vida, pois ali desfilaram os principais nomes da música brasileira até então. Ao visitar os estúdios da rádio com o conterrâneo Jonas Garret, acabou cantando com um grupo que estava ensaiando lá e logo recebeu o convite para participar do programa Papel carbono, de Renato Murce.

Sua participação em Papel carbono, um dos mais famosos programas de calouros do rádio na época, foi interpretando o samba Último desejo, de Noel Rosa, e lhe rendeu o 1º lugar entre os participantes. Apesar da premiação, ainda não pretendia se profissionalizar naquele momento e voltou para Ribeirão Preto em seguida.

Em 1962, a convite de uma amiga, crooner do mesmo conjunto do qual fazia parte em Ribeirão, foi à São Paulo para acompanhá-la em um teste na gravadora Chantecler, na Rua Aurora. Foi apresentada pela referida amiga como cantora também e imediatamente abordada para fazer um teste. Percebendo o imenso talento da jovem Giane, que no teste interpretou Suas mãos, de Antônio Maria e Pernambuco, a gravadora não deixou passar a oportunidade e a contratou.

Nessa fase, o ritmo que predominava no rádio brasileiro era o bolero, gênero surgido no fim do século XIX em Cuba, difundido principalmente em países hispano-americanos. Justamente na época em que Giane assinou contrato com a Chantecler, duas cantoras novatas estavam no auge do sucesso cantando boleros por essa mesma gravadora: Edith Veiga com Faz-me rir, e Martha Mendonça com Tu sabes. Elas foram as primeiras cantoras a ficarem por longo período no topo das paradas de sucesso, algo que não era comum entre cantoras brasileiras até então. 

O selo do galinho, como ficou conhecida a popular gravadora paulistana Chantecler, surgiu em 1958 por meio de uma parceria da internacional RCA Victor com a loja de departamentos Cássio Muniz. O selo exerceu importante papel na difusão de artistas que faziam um estilo de música normalmente desprezado pelas grandes companhias fonográficas, especialmente a regionalista, sertaneja e romântica popular. 

Giane estreou em disco ainda em 1962, e como estava na mesma gravadora das cantoras boleiristas, obviamente pegou uma carona nessa onda e gravou o bolero Por acaso, de Antônio Ávila e Paulo Aguiar, com arranjos do maestro Élcio Álvarez.

Ainda no ano de sua estreia, lançou mais um disco 78 rotações, com arranjos de Pepe Ávila. De um lado gravou uma versão de Milton Rodrigues, da dupla sertaneja Tibagi e Miltinho, para a música argentina Mariquilla bonita, que ganhou o título de Canção de uma pena, e do outro, mais um bolero: Minha alegria, minha tristeza, de Daniel e Cid Magalhães, que foi tema de seu 1º compacto duplo, lançado na sequência.

Para o 1º compacto duplo, a gravadora apostou em sua versatilidade vocal, pois além do bolero Minha alegria, minha tristeza, trouxe a balada Suave é a noite, versão de Tender is the night, sucesso na voz de Moacyr Franco, o clássico Prelúdio pra ninar gente grande (Menino passarinho), do poeta Luiz Vieira, e o rock balada Quem me dera, versão de Paulo Rogério para A lonesome heart, faixa que também entraria em seu próximo 78 rotações, junto com o bolero Mente-me (Mienteme), de Armando Domínguez, todas com os famosos arranjos de Élcio Álvarez.

Enquanto o grande sucesso não acontecia, Giane recebeu o convite do renomado maestro Edmundo Peruzzi para atuar como crooner em sua orquestra. Peruzzi foi um grande amigo que a ajudou muito no início de sua trajetória profissional em São Paulo. Outro amigo de essencial importância em sua caminhada foi o colega de gravadora Paulo Queiroz. Cantor, compositor e versionista, Paulo foi o produtor artístico responsável pela virada de sucesso na carreira de Giane.

Em 1963, com a música romântica italiana em alta, Paulo Queiroz fez uma versão para a balada Uno dei tanti, sucesso de Arturo Gatica, que ganhou o título de Não sou ninguém. Lançada em seu 4º disco, ainda em 78 rotações, a música obteve razoável repercussão na voz de Giane.

Apesar do tímido sucesso de Não sou ninguém, no fim de 1963, Giane teria sua última oportunidade em disco, já que o contrato inicial com a gravadora se aproximava do final e ainda não havia conseguido emplacar um sucesso expressivo. Foi quando novamente o amigo Paulo Queiroz chegou nos estúdios da Chantecler balançando um disquinho nas mãos e dizendo: "Acho que você não vai mais embora. Consegui achar o seu sucesso, Giane!". Era Dominique, gravação belga da freira Soeur Sourire (Irmã Sorriso), que ganhava as paradas da Europa e EUA naquele momento. Ao ouvir a canção, Giane ficou desapontada e desacreditou que pudesse ser sucesso, pois aquela seria sua última chance de emplacar algum sucesso pela gravadora, mas Paulo Queiroz garantiu que a versão em sua voz cairia como uma luva.

Até então seus discos haviam sido produzidos com grandes orquestras, mas para gravar Dominique, entrou no estúdio com apenas 2 músicos: Miranda no violão e Capacete no contrabaixo. O famoso violeiro e compositor Teddy Vieira, autor de clássicos sertanejos como O menino da porteira, foi quem dirigiu a gravação de Dominique e deu a ideia de Giane dobrar a voz no refrão da música, algo que era pouco comum na época. Ele ensinou como fazer a segunda voz e assim um toque especial foi dado à gravação. Giane fez a segunda voz consigo mesma no trecho do refrão, no melhor estilo dupla sertaneja, embora não fosse uma canção desse gênero. Essa foi a cereja do bolo de Dominique e fez com que a música ganhasse as graças do grande público, tanto que ao término da gravação, outros artistas que aguardavam para entrar no estúdio em seguida e ouviram Dominique pela 1ª vez, cumprimentaram Giane e foram unânimes em afirmar que aquele seria um sucesso absoluto.

Lançada em dezembro de 1963, inicialmente em 78 rotações, apenas 15 dias depois Dominique já alcançou o topo das paradas de sucesso e foi a música mais executada no Brasil no ano seguinte, um verdadeiro fenômeno. O retumbante êxito foi responsável pela renovação do contrato com a gravadora Chantecler e abriu as portas inclusive para o sucesso no exterior, como alguns países da América Latina e, principalmente, em Portugal, onde Giane teve diversos discos lançados pela etiqueta Alvorada.

O estouro nacional apressou o lançamento de seu 1º LP para maio de 1964. O álbum tinha apenas 7 músicas inéditas, as demais faixas foram resgatadas de seus 78 rotações e compactos lançados anteriormente. Com o título de Esta é Giane, a voz doçura, além de reafirmar o apelido carinhoso da intérprete romântica, trouxe 14 faixas, fato pouco comum numa época em que os LPs em sua grande maioria eram lançados com 12 músicas. Apesar disso, nenhuma das canções desse disco chegou a frequentar as paradas, além de Dominique.

Colhendo os louros do sucesso de Dominique, recebeu os principais prêmios e troféus da época, como o cobiçado Chico Viola entre outros. 

Embora Dominique só tenha trazido alegrias para Giane, não foi o mesmo com a criadora original da música. A freira Jeanne-Paule Marie Deckers (Irmã Sorriso) não teve a mesma sorte que Giane e viu sua vida desandar depois desse sucesso, pois seus respectivos lançamentos em disco foram um fracasso, além disso enfrentou sérios problemas com o fisco belga. Todo o dinheiro que ela recebeu com a venda dos discos de Dominique (3 milhões de cópias na época) foi destinado ao convento onde morava, mas não houve recibo dessas doações, o que inviabilizou a prestação de contas. Por isso, Irmã Sorriso teve que responder por um processo judicial que se arrastou por anos. Em 1966 abandonou o sacerdócio, quando passou a viver com a enfermeira Annie Pescher, sua parceira até o fim da vida, em 1985, ocasião em que ambas se suicidaram juntas. Na época de seu falecimento, algumas emissoras de rádio no Brasil noticiaram: "Morreu a cantora do sucesso Dominique", porém ao fundo ouvia-se a gravação da música na voz de Giane, fato que fez muitas pessoas pensarem que ela havia morrido e não a autora do sucesso original.

Dando sequência ao sucesso, vieram outras versões de Paulo Queiroz para composições da freira Irmã Sorriso: Todos os caminhos (Tous les chemins) e Se você quer saber (Mets ton joli jupon), lançadas em compacto duplo. Logo depois, gravou Preste atenção, mais uma versão garimpada por Paulo Queiroz para a francesa Fais attention, original da dupla J. L. Chauby e Bob du Pac. Com Preste atenção já gravada, ainda antes de lançá-la em disco, e divulgando o novo sucesso nas rádios, Giane foi ouvida pelo empresário Genival Melo, na época produtor do então iniciante cantor Wanderley Cardoso. Giane lembra do quanto foi ingênua na ocasião, quando Genival percebeu que aquele poderia ser o sucesso de Wanderley, tratou logo de perguntar que música era, quem eram os autores, quando seria lançado o disco etc, e obteve todas as informações com a própria Giane. Ela nem imaginava que o disco Preste atenção com Wanderley Cardoso seria lançado na praça antes do seu.

Mesmo tendo sido lançada primeiro com Wanderley Cardoso, como Giane já estava divulgando Preste atenção em todos os programas de rádio e TV onde se apresentava, acabou se tornando um hit em ambas as interpretações. Foi o 1º êxito da carreira de Wanderley Cardoso e um dos maiores da carreira de Giane, título de seu 2º LP.

Em seu 2º álbum, lançado no início de 1965, além de Preste atenção, emplacou outros sucessos como: Angelita, versão de Paulo Queiroz para a italiana Angelita di Anzio, Johnny Guitar, versão de Júlio Nagib para o clássico de Victor Young e Peggy Lee, trilha do filme homônimo estrelado por Joan Crawford em 1954, e Longe do mundo, versão de Fred Jorge para The end of the world. Interpretando Longe do mundo, Giane ganhou um dos mais disputados e importantes troféus da época: o Roquette-Pinto.

No fim de 1965, gravou canções natalinas em dupla com o amigo Paulo Queiroz, com arranjo do maestro Willy Join, lançadas no compacto duplo Nosso presente de Natal. Em dezembro daquele mesmo ano, Paulo perdeu a vida em um acidente de carro no interior de São Paulo. Com ele no carro também estavam Teddy Vieira e Lauripes Pedroso, da dupla sertaneja Irmãos Divino, e infelizmente ninguém sobreviveu ao desastre.

Com a perda de Paulo, Giane ficou um pouco órfã, mas mesmo após sua partida, ele ainda garantiu mais um enorme sucesso na carreira da amiga. Não saberás, versão do sucesso francês N'avoue jamais, de Guy Mardel, foi o último sucesso de Paulo na interpretação de Giane, e puxou o sucesso de seu 3º LP, de 1966. 

O disco intitulado Suavemente, teve arranjos de Portinho e Willy Join, e trazia ainda outras derradeiras criações assinadas por Paulo Queiroz, como: Se eu pudesse encontrar você, versão para Se non avessi incontrato te, de Ornella Vanoni, Quando o amor acontece, versão de Les vendanges de l'amor, e Simples desejo primeiro, composta por Paulo em parceria com Teddy Vieira. Apesar da marca registrada de intérprete romântica, em Suavemente, além de apresentar as excelentes O princípio e o fim (Ma vie), sucesso lançado por Agnaldo Rayol, e Florescem as colinas (Le colline sono in fiore), Giane registrou 2 sambas de grande qualidade: o clássico Bom dia tristeza, da inusitada dupla Vinícius de Moraes e Adoniran Barbosa, e Lago da felicidade, de Lúcio Cardim e Nello Nunes.

A frequência nas paradas de sucesso fez com que participasse dos principais programas musicais de TV na época, inclusive do Jovem Guarda, na TV Record. Ao lado da contemporânea cantora Joelma, colega de gravadora e amiga pessoal, Giane foi uma das mais famosas intérpretes de baladas românticas dos anos 1960, em sua grande maioria versões de hits europeus. Mesmo com um repertório mais sério, tanto Giane quanto Joelma acabaram fazendo parte do movimento Jovem Guarda, pois foram as duas únicas intérpretes femininas dentro desse estilo a alcançarem grande sucesso. Embora não fossem cantoras de rock/iê iê iê, faziam também um gênero de música jovem, por isso muitas vezes a gravadora não concordava que gravassem outros estilos de música. Giane recorda que gostaria, por exemplo, de ter gravado mais sambas.

Ainda em 1966 lançou Meu Deus, como te amo (Dio, come ti amo), de Domenico Modugno. Curiosamente a versão do sucesso imortalizado na voz da italiana Gigliola Cinquetti, que chegou inclusive a estrelar um filme campeão de bilheteria na época com esse mesmo título, foi assinada por Demétrio Carta, verdadeiro nome do jornalista italiano e naturalizado brasileiro Mino Carta. 

Na virada para 1967, veio mais um LP, com o título de A Voz Doçura, marcado por outro grande sucesso: Olhos tristes, adaptação feita por Gláucia Prado para There won't any snow. A gravação contou com a declamação do radialista Barros de Alencar, que nos anos seguintes se tornaria o apresentador mais famoso do rádio paulistano. Outra faixa de destaque do álbum foi Eu te darei bem mais, versão de Nazareno de Brito para Io ti darò di più, sucesso de Ornella Vanoni, que foi lançada primeiro por Moacyr Franco no Brasil.

Em 1967, Charlie Chaplin brilharia em seu último grande momento no cinema, dirigindo, produzindo e compondo a trilha do filme A countess from Hong Kong (A condessa de Hong Kong), estrelado por Sophia Loren e Marlon Brando. A trilha This is my song, assinada por Chaplin, ganhou interpretação da britânica Petula Clark e alcançou estrondoso sucesso. Giane se recorda que na ocasião o apresentador Abelardo Barbosa, o Chacrinha, chamou a atenção dela para essa música e disse que deveria gravá-la, pois combinava muito com o seu timbre vocal. Com o título de Esta é a minha canção, em versão de Alexandre Círus, Giane registrou This is my song na coletânea O fino das paradas de sucesso. E quase simultaneamente, a gravadora Chantecler também lançou na praça a mesma versão com a cantora Marília Maura.

A segunda metade da década de 1960 foi também a era dos grandes festivais de música. O Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, era a grande sensação, e em sua 3ª edição, de 1967, a cantora e apresentadora Hebe Camargo defendeu a música Volta amanhã, de Fernando César e Mariah Brito. Não chegou à grande final, mas rendeu também uma bonita gravação na voz de Giane para a coletânea As 12 finalistas do III Festival de MPB, lançada pela Chantecler logo após a final da edição festivaleira que também consagrou os baianos tropicalistas começando a despontar para a fama: Caetano Veloso, com Alegria, alegria, e Gilberto Gil, com Domingo no parque.

As músicas Volta amanhã e Esta é a minha canção entrariam para o seguinte LP de Giane junto com outras interessantes faixas, como a canção que deu título ao disco O importante é a rosa (L'important c'est la rose), de Gilbert Becaud, Meu bem, não vá (Mais tu t'en vas), Estarei ao seu lado, versão de Reach out I'll be there, clássico do grupo Four Tops, da Motown Records (celeiro da soul music norte-americana) e Esse amor que eu não queria (A whiter shade of pale), da banda britânica de rock progressivo Procol Harum. A miscelânea do 5º álbum de carreira ainda trazia uma linda gravação de E por isso estou aqui, um dos temas de Roberto Carlos em seu filme Em ritmo de aventura, além de duas das primeiras composições do então iniciante Reginaldo Rossi: Ontem e hoje e Onde vais?, e também havia espaço para a brejeira Poeira, de Luiz Bonan e Serafim Colombo Gomes, vencedora do 1º Festival de Música Sertaneja da Rádio Nacional de São Paulo, defendida pelo Duo Glacial, e O homem do coração de ouro, de Alberto Calçada e Antônio Queiróz, que se tornou o grande sucesso do disco.

Já em 1968, alcançou relativo sucesso com Não esqueço jamais (On n'oublie jamais), que fez parte da trilha da novela Antônio Maria, estrelada por Sérgio Cardoso na extinta TV Tupi de São Paulo. No álbum de Giane daquele ano também entraram as músicas: O caminho de São José (Do you know the way to San Jose), sucesso de Dionne Warwick, O amor é uma canção (Quand une fille aime un garçon), Pra sorrir outra vez (The world will smile again), tema do filme A noite dos generais (The night of the generals), Cortejo e Quem me quiser, duas primorosas composições do poeta Luiz Vieira.

Por essa época, a cantora francesa Françoise Hardy estourou com a música Comment te dire adieu, e logo o versionista e compositor Fred Jorge providenciou uma versão para Giane intitulada Como dizer adeus, lançada em 1969, pouco depois de gravar Adeus, outra versão de Fred Jorge, desta vez para Goodbye, de Lennon e McCartney, hit da britânica Mary Hopkin, e sucesso aqui no Brasil na voz de Nalva Aguiar. 

Ainda no ano de seu último álbum de carreira, puxado pelo sucesso de Somos iguais, composição de Martinha, deu tempo da Chantecler lançar mais um compacto com Aqui, também de Martinha, e uma bonita interpretação de Sentada à beira do caminho, clássico da dupla Roberto e Erasmo, e absoluto sucesso na voz do Tremendão naquele período.

Após um breve afastamento dos palcos, Giane retornou em 1972, quando fez um compacto pelo selo Sinter, passando logo depois para o elenco da gravadora Continental, onde faria mais alguns trabalhos.

Nessa fase, gravou A mais amada, de Martinha, Estou triste (Estoy triste), os clássicos Meu primeiro amor (Lejania) e Índia, ambas cantadas em dueto com o cantor Francisco Petrônio, Proposta, de Roberto e Erasmo, que segundo Giane, o próprio rei Roberto Carlos declarou ter sido a melhor proposta que ele já recebeu, e Estrada do sol, versão para Alle porte del sole, campeã do festival italiano Canzionissima na interpretação de Gigliola Cinquetti, em 1973. A música Estrada do sol foi o último relativo sucesso de Giane, apesar de ter emplacado mesmo com a cantora Perla, paraguaia radicada no Brasil.

O último registro em disco foi em 1978, quando regravou o antigo sucesso Dominique em ritmo disco music, logo depois deixou a carreira e passou a se apresentar esporadicamente em shows ou programas de TV e rádio relembrando seus sucessos. 

Atuou em outros segmentos, como na educação infantil e depois como representante comercial no ramo da cosmetologia.

No ano de 2006 participou do programa Rei Majestade, apresentado por Sílvio Santos no SBT. A proposta desse programa foi resgatar artistas afastados dos palcos que apresentavam o maior sucesso da carreira no 1º bloco, e na segunda parte cantavam uma música de outro intérprete com arranjos de orquestra ao vivo, numa espécie de festival com votação do público por telefone, internet e do próprio auditório. Giane recordou o sucesso Dominique e interpretou a romântica Você, de Roberto e Erasmo Carlos, e recebeu expressivo número de votos entre os demais participantes que concorriam na mesma edição do programa. Por isso, foi escalada para voltar ao palco do Rei Majestade em outra edição do programa, ocasião em que relembrou o sucesso Não saberás, e depois interpretou um sucesso da cantora Alcione.

Atualmente reside com a amiga e assessora Marilene, na cidade de São Roque, interior de São Paulo. Sua última apresentação ao vivo foi em agosto de 2022, na casa de shows Coração Sertanejo, em São Paulo, em um evento promovido pelo cantor e radialista Cyro Aguiar, em comemoração ao aniversário de seu programa Éramos todos jovens, da Rádio Tropical FM.

Quem teve o privilégio de conhecer de perto Giane nunca a esquecerá. De talento e carisma incomparáveis, além de uma artista que marcou época com suas interpretações românticas, uma pessoa encantadora que sempre demonstrou imenso carinho e respeito pelos fãs e amigos. Com tudo isso, não haveria melhor definição para ela que A Voz Doçura, pois doce também é ela como pessoa em sua vida fora dos palcos. 



Discografia

78 rotações


Quero ver / Por acaso - Chantecler - 1962





Canção de uma pena (Mariquilla bonita) / Minha alegria, minha tristeza - Chantecler - 1962



 Quem me dera (A lonesome heart) / Mente-me (Mienteme) - Chantecler - 1962



Não sou ninguém (Uno dei tanti) / Sem querer - Chantecler - 1963



Dominique / Quero - Chantecler - 1963





Compactos simples


Dominique / Não sou ninguém (Uno dei tanti) - Chantecler - 1964







Todos os caminhos (Tous les chemins) / Saudade que não foi sequer saudade - Chantecler - 1964





Preste atenção (Fais attention) / Eu não posso namorar - Chantecler - 1964





Simples desejo primeiro / Quando o amor acontece (Les vendanges de l'amour) - Chantecler - 1965





Perdendo você (Perdendote) / Angelita (Angelita di Anzio) - Chantecler - 1965



Não saberás (N'avoue jamais) / Quinze primaveras - Chantecler - 1966





Meu Deus, como te amo (Dio, come ti amo) / Brincando de viver no mundo (Giochiamo a stare al mondo) - Chantecler - 1966





Volte pra mim (Il diritto di amare) / Numa flor (In un fiore) - Chantecler - 1966





Olhos tristes (There won't any snow) - com declamação de Barros de Alencar / Meu tempo de pierrot - Chantecler - 1966





O homem do coração de ouro / Ontem e hoje - Chantecler - 1967





Meu bem, não vá (Mais tu t'en vas) / Poeira - Chantecler - 1968





Não esqueço jamais (On n'oublie jamais) / O caminho de São José (Do you know the way to San Jose) - Chantecler - 1968





O amor é uma canção (Quando uma garota ama um rapaz) (Quand une fille aime un garçon) / Quem me quiser - Chantecler - 1969





Les ballons (Little arrows) / Goodbye (Adeus) - Chantecler - 1969







Somos iguais / Tempo de brinquedo - Chantecler - 1969





Como dizer adeus (Comment te dire adieu - It hurts to say goodbye) / Tão só, também - Chantecler - 1969





Por todos os caminhos (Mi gran amor) / Viva o amor (No lucky no) - Sinter - 1972





Estou triste (Estoy triste) / A mais amada - Continental - 1973





Meu primeiro amor (Lejania) / Índia - ambas em dueto com o cantor Francisco Petrônio - Continental - 1973





Estrada do sol (Alle porte del sole) / Proposta - Continental - 1974





Deixa-me (Maritrini) / Diga tudo enfim - Chantecler - 1976





Onde estão teus olhos lindos (Donde estan tus ojos negros) / Diga que sim (Por favor dime que si) - Chantecler - 1978





Dominique / Onde andarás, amor (Donde andarás mi amor) - Chantecler - 1978






Compactos duplos



Minha alegria, minha tristeza (Minha alegria, minha tristeza / Suave é a noite 'Tender is the night' / Prelúdio pra ninar gente grande / Quem me dera 'A lonesome heart') - Chantecler - 1962





Dominique - Giane, a voz doçura e seus sucessos (Dominique / Quero / Não sou ninguém 'Uno dei tanti' / Sem querer) - Chantecler - 1963





Giane (Recorda 'Ricorda' / Por acaso / Mente-me 'Mienteme' / Quem me dera 'A lonesome heart') - Alvorada - lançado em Portugal - 1964





Todos os caminhos (Todos os caminhos 'Tous les chemins' / Cataclismo / Si te ven llorar / Se você quer saber 'Mets ton joli jupon') - Chantecler - 1964





Dominique / Não sou ninguém 'Uno dei tanti' / Todos os caminhos 'Tous les chemins' / Saudade que não foi sequer saudade - Alvorada - lançado em Portugal - 1964





Por acaso / Mente-me 'Mienteme' / Recorda 'Ricorda' / Quem me dera 'A lonesome heart' - Marfer - lançado na Espanha - 1965






Dominique / Não sou ninguém 'Uno dei tanti' / Todos os caminhos 'Tous les chemins' / Saudade que não foi sequer saudade - Marfer - lançado na Espanha - 1965





Preste atenção 'Fais attention' / Eu não posso namorar / Angelita 'Angelita di Anzio' / É melhor esta noite 'Meglio stasera' - Marfer - lançado na Espanha - 1965





Longe do mundo 'The end of the world' / Johnny Guitar / Angelita 'Angelita di Anzio' / Preste atenção 'Fais attention' - Chantecler - 1965






Preste atenção 'Fais attention' / Eu não posso namorar / Angelita 'Angelita di Anzio' / É melhor esta noite 'Meglio stasera' - Alvorada - lançado em Portugal - 1965





Nosso presente de Natal - com o cantor Paulo Queiróz (Natal branco 'White christmas' / Noite feliz 'Silent night' / Boas festas / Feliz natal) - Chantecler - 1965





Nosso presente de Natal - com o cantor Paulo Queiróz (Natal branco 'White christmas' / Noite feliz 'Silent night' / Boas festas / Feliz natal) - Alvorada - lançado em Portugal - 1965





Giane com a Orquestra Chantecler (Não saberás 'N'avoue jamais' / O que quero é estar contigo 'Solo quiero estar contigo' / Quize primaveras / Longe do mundo 'The end of the world' - Alvorada - lançado em Portugal - 1966





Giane com a Orquestra Chantecler (Lago da felicidade / Se eu pudesse encontrar você 'Se non avessi incontrato te' / O princípio e o fim 'Ma vie' / Brincando de viver no mundo 'Giochiamo a stare al mondo' - Alvorada - lançado em Portugal - 1966





Suavemente... Giane (O que quero é estar contigo 'Solo quiero estar contigo' / Bom dia, tristeza / Perdendo você 'Perdendote' / Simples desejo primeiro) - Chantecler - lançado na África do Sul - 1966





Giane, a voz doçura - Olhos tristes 'There won't any snow' - com declamação de Barros de Alencar / Eu te darei bem mais 'Io ti darò di piu' / Ele voltará 'Un bacio sulle dita' / Meu Deus, como te amo 'Dio, come ti amo') - Chantecler - 1967





O importante é a rosa - O importante é a rosa 'L'important c'est la rose' / Agora sou imensamente feliz 'Salute de amore' / E por isto estou aqui / Esta é a minha canção 'This is my song') - Alvorada - lançado em Moçambique - 1967




Estarei ao seu lado 'Reach out (I'll be there)' / Volta amanhã / O homem do coração de ouro / Onde vais? - Alvorada - lançado em Portugal - 1967






Poeira / Meu bem, não vá 'Mais tu t'en vas' / Ontem e hoje - Alvorada - lançado em Moçambique - 1968





Olhos tristes 'There won't any snow' / Ele voltará 'Un bacio sulle dita' / Não esqueço jamais 'On n'oublie jamais' / O caminho de São José 'Do you know the way to San Jose' - Alvorada - lançado em Portugal - 1968





Entre o céu e o mar (Entre o céu e o mar 'Je t'ai crue trop vite' / Boa noite, meu anjo querido / Alcance as minhas palavras / Quem me quiser) - Chantecler - 1969





Goodbye (Adeus) / Sentada à beira do caminho / Aqui / Ontem e hoje - Chantecler - 1969





Les ballons 'Little arrows' / Sonho de verão 'Fuiste mia un verano' / Viva a vida 'The red baloon' / Como dizer adeus 'Comment te dire adieu (It hurts to say goodbye)' - Alvorada - lançado em Portugal - 1969





Dominique (Dominique / Não saberás 'N'avoue jamais' / Preste atenção 'Fais attention' / Olhos tristes 'There won't any snow') - Chantecler - 1973





Angelita / Meu bem, não vá 'Mais tu t'en vas' / Meu Deus, como te amo 'Dio, come ti amo' / O homem do coração de ouro - Chantecler - 1974





LPs



Esta é Giane, a voz doçura - Chantecler - 1964





Preste atenção - Chantecler - 1965





Suavemente - Chantecler - 1966





A voz doçura - Chantecler - 1966





O importante é a rosa - Chantecler - 1967





O amor é uma canção - Chantecler - 1968







Nós somos iguais - Chantecler - 1969





Dominique (Grandes sucessos) - Chantecler Alvorada - 1976





Álbum de recordações













Ostentando o troféu Roquette Pinto





Recebendo o troféu Roquette Pinto
















Cantando no programa Almoço com as estrelas














Uma das atrações em destaque do programa Excelsior A Go-Go, em 1966



Partitura do sucesso Eu te darei bem mais





















Se apresentando no programa Rei Majestade, em 2006







Com a amiga e cantora Joelma, em 2015