Denise Barreto

Nasceu em 26 de junho de 1948 no bairro de Jacarepaguá, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Filha única de Valquírio Barreto e Rosalina Gonçalves da Silva, estudou no colégio católico Santa Teresa de Jesus, localizado na Tijuca, bairro onde Denise cresceu e começou a carreira artística. 

Em junho de 1964, a cantora italiana Rita Pavone, já consagrada como fenômeno mundial de sucesso, iniciava sua primeira turnê pelo Brasil. Na ocasião, Denise se tornou fã de Rita e começou a brincar de imitar seus trejeitos e performances. A brincadeira agradou tanto que seu pai, então sócio-proprietário do Clube da Associação Atlética Vila Isabel, conseguiu uma oportunidade para a filha se apresentar nesse clube como cover de Rita Pavone e o resultado foi um sucesso.

A marca registrada de Rita Pavone era seu visual, original entre as garotas da época. Embora já tivesse 18 anos de idade, sua pequena estatura e frágil aparência fazia parecer que aquela menina com o rosto cheio de sardas tinha cerca de 13 anos. Além de usar o cabelo bem curto, o look, considerado nada feminino para a época, era composto por calça com suspensório ou paletó e gravata. Logo, esse estilo virou uma febre e suas súditas começaram a se multiplicar em toda parte. 

A desenvoltura de Denise imitando Rita ganhou as graças do público carioca e sua estatura também a favorecia nas performances de palco, por isso, foi batizada de Rita Pavone brasileira. Pouco depois, em São Paulo, surgiu a cantora Enza Flori, também seguindo os passos de Rita Pavone. Em Minas Gerais, outra garota que imitava Rita e se destacaria como grande cartaz da música jovem a partir de 1967 era a cantora Silvinha.    

A partir da primeira apresentação em público, Denise passou a ser presença constante em alguns badalados clubes do subúrbio carioca, como Associação Atlética de Vila Isabel e Social Clube Marabu, do bairro Encantado. Teve um grande incentivo de seu pai no início da trajetória. Como ele tinha certa influência no meio empresarial e artístico, antes das apresentações da filha, sempre patrocinava a distribuição de panfletos pelos bairros vizinhos divulgando o evento. Denise ainda contava com o apoio de seu tio Waldemar, que sempre publicava notas comentando suas apresentações no Jornal Diário de Notícias onde ele trabalhava.  

A grande chance surgiu quando se apresentou em uma festa na casa de um amigo que trabalhava na Kibon - a famosa marca de sorvete. Ele gostou tanto que fez um convite para Denise participar do programa Revelações Kibon, na TV Rio. Ao aceitar o convite e se apresentar na televisão, as portas se abriram para ingressar no disco. 

Seu primeiro disco, gravado no fim de 1964, foi um compacto duplo pelo selo Caravelle, intitulado Carnaval 1965. Na capa, Denise aparece vestida de baiana com turbante na cabeça ao lado de um rapaz que gravou as músicas do lado B desse mesmo disco. Nessa estreia, Denise registrou as marchinhas carnavalescas Sala da frente - homenagem ao IV centenário do Rio de Janeiro - e Rainha do samba, ambas compostas por Silva Júnior, também conhecido como Babá.

Logo depois, Denise conheceu José Messias, apresentador e incentivador da música jovem no cenário carioca, que a convidou para se apresentar em seu programa, na TV Excelsior. Com a imediata popularidade, na sequência também foi chamada para participar do programa Festa do Bolinha, apresentado por Jair de Taumaturgo, na TV Rio.

O padrinho artístico José Messias foi quem a levou para a RCA Victor - mesma gravadora de Rita Pavone. Ao assinar o contrato com a RCA em 1965, Denise gravou Na minha idade, uma versão assinada por Erasmo Carlos para o sucesso Alla mia età, de Rita Pavone.
 
O grande momento aconteceu no ano seguinte, quando gravou Supercalifragilistic acompanhada pelo grupo The Fevers, outra versão para um sucesso de Rita Pavone, assinada por Getúlio Côrtes e tema do filme americano Mary Poppins. A música ganhou as paradas de sucesso e fez pipocar sua participação nos mais importantes programas musicais da época.

Logo depois, transferiu-se para a gravadora Odeon, onde lançou Meu boletim (versão para a francesa Mon livret), mais uma vez acompanhada por The Fevers, contou ainda com a participação do famoso radialista César Ladeira. A gravação acabou se tornando o maior sucesso de sua rápida trajetória.

Denise participou algumas vezes como convidada do programa Jovem Guarda, na TV Record de São Paulo, chegando inclusive a se apresentar na estreia da versão carioca do musical, intitulado Rio Jovem Guarda, que foi ao ar em janeiro de 1967 pela TV Rio. Com a explosão do Jovem Guarda sob o comando de Roberto Carlos e inicialmente encabeçado pela agência de publicidade Magaldi, Maia & Prosperi, a partir de 1965 inúmeros programas nesse formato passaram a surgir em todas as emissoras de televisão. 

Foi aí que, tentando pegar uma carona na onda do sucesso obtido pelo Jovem Guarda, em 1967 a Rede Tupi do Rio de Janeiro, por meio do disc-jóquei Luís Fernando e de Antônio Pacot, dono da Pacot Produções Artísticas, lançou o programa Onda Jovem, comandado por Denise Barreto e pelo cantor Luíz Alberto, transmitido nas noites de domingo pela TV Tupi e aos sábados pelo Rádio Tupi. A atração que ficou no ar por alguns meses, tinha em seu cast alguns nomes do cenário da música jovem carioca, como: Trio Ternura, Rosa Maria (depois Rosa Marya Colin), Selmita, Pedro Paulo, Eliete Veloso, Hélio Justo, Mário César, Suely Rangel, The Silvery Boys, The Jets entre outros.   

Denise foi a primeira artista a gravar uma música composta por Odair José. O cantor e compositor que se tornou fenômeno em vendas de discos na década de 1970, teve sua composição Chato e atrevido lançada por ela em 1967.

Em 1969 participou do filme Em ritmo jovem, dirigido por Mozael Silveira e estrelado pelos cantores Márcio Greyck e Adriana, então namorados na época. Denise apareceu cantando a música Aleluia, de sua autoria em parceria com José Filho. Esta foi sua única participação no cinema, embora seja comumente confundida com uma atriz homônima que participou de alguns filmes entre as décadas de 1960 e 1970.

Mesmo fazendo parte da turma do iê iê iê, gostava muito de samba e chegou inclusive a gravar marchas carnavalescas, como: Carnaval da brotolândia (1965), Todo mundo pra frente (1968) e Garota astronauta (1969).

Encerrou a carreira em 1970, quando decidiu se tornar freira, porém após 6 meses de noviciado acabou desistindo, pois pretendia ir para missões na África e foi impedida por seus pais, já que era filha única.

Formou-se em Economia pela Faculdade Cândido Mendes - RJ e infelizmente não canta mais, mas sempre relembra os tempos dourados com muito carinho. Atualmente, casada e com uma filha, reside no Rio de Janeiro e, mesmo aposentada, continua atuando como oficial em cartório de imóveis, na zona oeste carioca.

Discografia

Compactos Simples:

Na minha idade (Alla mia età) / O seu nome (Il tuo nome) – RCA Victor – 1965

Carnaval da brotolândia / Lado B é a música "Abrigo" com o cantor José Ricardo – RCA Victor - 1966

Supercalifragilistic (Supercalifragilistic Esperalidoso) / Brotinho travesso – RCA Victor – 1966

Meu boletim (Mon livret) / Não lhe dou mais chance (Think about love) – Odeon – 1966

Chato e atrevido / Se esse mundo fosse meu – Odeon – 1967

Sol demais / Tome jeito – Odeon – 1968

Todo mundo pra frente / Coração de segunda mão – RCA Victor – 1968

Aleluia / Una rondine bianca – Equipe – 1969

Garota astronauta / Menina – Equipe – 1969

Compactos Duplos (Coletânea):

Carnaval 1965 (Lado A: Sala da frente / Rainha do samba / Lado B: Ela foi embora / A perereca gritou - com o cantor Antônio Moreira) - Caravelle - 1965

Meu boletim (Lado A: Meu boletim 'Mon livret' / Não lhe dou mais chance 'Think about love' / Lado B: A sorte da Glorinha / Moço, me ensine o caminho de casa - ambas interpretadas apenas pela cantora Marizinha) - Parlaphone - 1966 - Disco lançado em Portugal

LP’s Coletânea:

Carnaval 66 (Carnaval da brotolândia) – RCA Victor – 1966

A roda do Iê Iê Iê (Parecida a uma boba ‘Your baby’s is gone surfin’ / Vai ser bom ‘Ça serait beau’ / Você me acende ‘You turn me on’ / Deixa de banca ‘Les cornichons’ / Quero que vá tudo pro inferno) – Odeon – 1966

Carnaval/Rio/1969 (Todo mundo pra frente / Coração de segunda mão) – RCA Camden – 1969

Desfile 4 (Aleluia / Una rondine bianca) - Equipe - 1969

 

É Carnaval (Garota astronauta / Menina) – Equipe – 1970

Álbum de Recordações

Em sentido horário: Célia Villela, Jerry Adriani, Erasmo Carlos e Denise Barreto - 1965

O sucesso 'Supercalifragilistic'

Capa da Revista Monique - 1966

Com Luíz Carlos Clay

Com Robert Livi, José Messias e Humberto Garin

Ao lado de Luíz Alberto, apresentando Wanderley Cardoso no Programa Onda Jovem

Com Silvinha, Vanusa e Kátia Cilene nos bastidores do Programa do Chacrinha

Com o apresentador José Messias, entre as cantoras Kátia Cilene e Nalva Aguiar

Em nova pose com os amigos José Messias, Kátia Cilene e Nalva Aguiar

Com Maritza Fabiani, Marlene Cavalcanti, Edson Wander, Márcio Greyck, Meire Pavão, João Luíz, Cleópatra, The Youngsters, Elisabeth Sander e outros - Revista Sétimo Céu - 1967

Com o cantor Vicente Celestino

Recebendo Troféu ao lado de Ataúlfo Alves, José Roberto e Roberto Carlos

No palco do programa Jovem Guarda com Jerry Adriani, José Ricardo, Wanderley Cardoso, Wanderléa e outros

Com Marcos Moran e Osvaldo Nunes - Capa da Revista do Rádio - 1969

Cantando no filme "Em Ritmo Jovem" - 1969

Garota astronauta

Com Vitor Trucco, dos Brazilian Bitles - 2005

Batendo papo com a amiga e cantora Kátia Cilene - 2009

Com a amiga Maritza Fabiani - 2013

2012

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